Foi demitido e está procurando emprego? Saiba como contar isto numa entrevista!
Para quem busca recolocação no mercado de trabalho, existe uma questão que preocupa mais do que elaborar um bom currículo ou saber driblar aquela dinâmica de grupo: como contar ao recrutador que foi demitido do último emprego. Existem algumas regrinhas, indicadas por especialistas em recursos humanos, que podem ajudar a enfrentar o problema e impedi-lo de arruinar uma entrevista. Mas a primeira dica básica para lidar com a questão é não mentir, em hipótese alguma.
A honestidade é fundamental em uma seleção, porque é bastante fácil para os recrutadores confrontar informações. “Hoje é praxe para quem está selecionando entrar em contato com a empresa anterior em que o candidato trabalhava e pedir referências, checar dados. Então não adianta omitir, esconder que foi demitido porque isso será descoberto e aí o profissional vai ficar queimado no mercado”, diz a co-fundadora e CEO da Love Mondays, Luciana Caletti.
Porém, a maneira como se conta a verdade pode fazer a diferença entre ser escolhido ou não. A orientação da Luciana é explicar, com detalhes, os motivos da demissão. Se eles foram por conta de um desempenho ruim do candidato na última função, é essencial mostrar que de lá para cá houve um aprendizado com o erro, que o candidato entendeu que ele pecou em alguns pontos, mas que se deu conta disso e sabe como fazer para não cometê-lo novamente.
Esse tipo de reflexão em uma entrevista pode não apenas mostrar que o candidato é maduro, que sabe lidar com seus erros e a frustação de uma demissão, como também que está sempre disposto a aprender. “A impressão que o recrutador terá do profissional é baseada em um conjunto de informações e comportamentos durante a seleção. Então mostrar-se maduro em relação a uma demissão pode indicar que também existe maturidade em outros aspectos, o que é uma qualidade”, comenta a CEO da Love Mondays.
NÃO JOGUE A CULPA NO EX-CHEFE
Também faz parte da maturidade do profissional não jogar a culpa no ex-gestor pela demissão. A orientação continua sendo a de explicar o que aconteceu, mas mostrando que existiram motivos e possíveis culpas dos dois lados — empregado e empregador — que levaram ao desligamento. Colocar a responsabilidade toda na chefia vai mostrar que o candidato, além de não saber admitir seus erros, pode ter problemas de relacionamento, tanto com superiores quanto com colegas de trabalho.
SIM, O MOTIVO DA DEMISSÃO IMPORTA PARA OS RECRUTADORES
Mesmo que uma justificativa bem elaborada e madura possa amenizar o fato de uma demissão, os recrutadores e gestores de recursos humanos são unânimes em dizer que existe sim uma diferença — e um peso na seleção — entre quem foi demitido por um baixo desempenho e quem perdeu um emprego por uma situação conjuntural da empresa.
Cortar vagas tornou-se comum nos últimos anos por conta da crise econômica. Então, ser dispensado por esse motivo afeta pouco a imagem que o recrutador vai fazer do candidato. Mesmo assim, continua valendo a ideia de que é sempre bom explicar o que houve, os motivos da empresa fazer os cortes, se foram algumas vagas específicas ou todos os setores e quantas pessoas, em média, foram desligadas.
No caso de um desempenho ruim, além da regra de mostrar que aprendeu com o erro, vale também explicar quais os critérios levados em conta pelo empregador na avaliação. Isso porque muito do que se considera importante em um profissional em uma empresa pode não ser o mesmo em outra. Ou seja, a antiga empresa do candidato pode ter uma cultura diferente da que tem a vaga pretendida. Aí, nesse caso, é importante que o recrutador saiba se, por exemplo, o quesito em que o empregado não foi bem avaliado é ou não importante para a empresa que está selecionando.
A gerente de Gestão de Pessoas da Gazin, Viviane Thomaz, conta que nos processos de seleção que a empresa faz é muito importante saber o motivo da demissão. Se foi por corte de custo, falência ou mudança de estratégia, não há qualquer prejuízo para o candidato. Porém, quando se trata de uma questão de mérito ou comportamento, passa a ser um profissional não indicado, a menos que a área de onde veio seja diferente da pretendida na Gazin.
QUANTO MAIS TEMPO DE CASA, MELHOR
O tempo de casa também importa para quem foi demitido. Segundo a especialista em gestão de carreira e gerente executiva da Thomas Case, Deise Gomes, quem saiu com muito tempo de casa é visto de uma forma melhor do que quem ficou pouco tempo. Portanto, para quem está no primeiro caso, vale frisar para o entrevistador que, embora tenha sido desligado contra a vontade, teve uma longa história profissional com aquele lugar. “Partimos do pressuposto de que se a pessoa não tivesse tido uma performance boa, não teria ficado tanto tempo e que é, portanto, um profissional sólido. No caso da pessoa ter ficado pouco tempo, a primeira ideia é que se trata de alguém de difícil adaptação, o que é ruim”, diz.
FONTE: gazetadopovo.com.br
Comentários